02 julho 2012

Traços e cicatrizes

Eu vou amar-te pelas rugas no teu rosto. Pelos traços e cicatrizes que cruzarem o teu corpo.

Vou amar-te pelo teu sorriso, pela tua fome no olhar. Pelos movimentos dos teus braços enquanto falas. Pela tonalidade da tua voz, pela forma como a colocas, pelas pausas que fazes, pelo silêncio que pesa entre algumas palavras.

Por muito bem que te sirva, ou por muito que o queiras, não serei um filho da puta. Não te vou trair, nem magoar. Não te vou ofender. Se deixar de te amar vou saber dizê-lo com cuidado, para não te rasgar os sentimentos. Vou respeitar-te, sempre. Se alguma vez discutirmos e eu levantar a voz, se te fizer mal de algum modo, peço-te que mo digas, para que eu possa pedir-te imediatamente perdão, porque certamente não o terei feito deliberadamente.

Quando fizermos amor vou ser inteiramente teu, e tomar-te-ei como inteiramente minha. Não vou pedir nem dar menos que o total e absoluto. Amar-mo-nos só nestas condições.

Se não for assim não te quero na minha vida. Até aparecer quem valha a pena há que perder muito tempo com quem não presta, e para isso tenho eu jeito. Faço-o como poucos, e bato recordes na estupidez, fugacidade e futilidade das relações. Não te deixes enganar pelo amor que tenho por ti, é real, mas não incondicional. Tão certo como ser completo, é o facto de eu ser capaz de saltar para fora do teu navio e correr o oceano a nado para outros veleiros, coisas mais pequenas, mas que me dão aquilo que eu quero, mais que não seja por escassas horas.

Eu vou amar-te pelas rugas no teu rosto. Pelos traços e cicatrizes que cruzarem o teu corpo. Quero ser uma dessas rugas, uma dessas cicatrizes. Quero-te a ti. Tu. Mulher dos olhos bonitos e tristes. Quero o teu cheiro na minha roupa. Quero o teu suor na minha pele. Quero que os nossos abraços tenham a forma dos nossos corpos.

Não me obrigues a aperfeiçoar uma técnica em que já sou perfeito. Não faças com que eu tenha, mais uma vez, que nadar em mar alto até encontrar uma jangada frágil que se quebre com o meu peso e que por isso tenha que abandonar imediatamente.

Vou amar-te pelo teu sorriso, pela tua fome no olhar. Pelos movimentos dos teus braços enquanto falas. Pela tonalidade da tua voz, pela forma como a colocas, pelas pausas que fazes, pelo silêncio que pesa entre algumas palavras.

As tuas, mas principalmente as minhas, que encho de ti.

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